Ucrânia

Imperialismo <br> treina nazi-fascistas

Cerca de 300 pa­ra­que­distas norte-ame­ri­canos en­con­tram-se já na Ucrânia em missão de ins­trução de 900 mem­bros da Guarda Na­ci­onal, força pa­ra­mi­litar criada para aco­lher as mi­lí­cias nazi-fas­cistas que fun­ci­o­naram como tropa de choque no golpe de Es­tado de Fe­ve­reiro de 2014.

«Os sol­dados da 173.ª Bri­gada Ae­ro­trans­por­tada che­garam [à Ucrânia] esta se­mana», con­firmou, sexta-feira, 17, um porta-voz do exér­cito dos EUA, ci­tado pela AFP, o qual re­velou ainda que o con­tin­gente de ades­tra­mento vai operar du­rante seis meses na re­gião de Lviv.

Re­a­gindo à che­gada de mais um grupo de ins­tru­tores, que in­cluiu também mi­li­tares bri­tâ­nicos e ca­na­di­anos, se­gundo o Mi­nis­tério dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros da Rússia, Mos­covo ad­vertiu que a ini­ci­a­tiva viola os acordos subs­critos em Minsk, no pas­sado mês de Fe­ve­reiro, no­me­a­da­mente quando o texto obriga à saída de todos os mi­li­tares es­tran­geiros, equi­pa­mento e mer­ce­ná­rios do ter­ri­tório da Ucrânia.

Um res­pon­sável do ga­bi­nete di­plo­má­tico do Kremlin con­si­derou ser «óbvio que a pre­sença de tropas norte-ame­ri­canas na Ucrânia não trará a paz», e alertou que o treino de mem­bros da Guarda Na­ci­onal pode im­pul­si­onar um novo banho de sangue no Leste do país.

«Será que em Washington, Lon­dres e Ot­tawa sabem quem estão a treinar?», ques­ti­onou Alek­sandr Lu­kashe­vich, antes de lem­brar que «são exac­ta­mente os mesmos vo­lun­tá­rios que os­tentam sím­bolos nazis e que se man­charam com o sangue de mu­lheres, cri­anças e idosos du­rante as cam­pa­nhas pu­ni­tivas no Don­bass».

Pros­se­guir a de­núncia

Re­cen­te­mente, a junta fas­cista ucra­niana in­dicou o líder do Sector de Di­reita (Pravy Sector) para con­se­lheiro das forças ar­madas de Kiev, ale­gando que este faria «a ponte» entre o corpo mi­litar re­gular e os mer­ce­ná­rios in­te­grados na Guarda Na­ci­onal. Tendo em conta este facto, o de­pu­tado do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu (PE) Mi­guel Vi­egas, ques­ti­onou a Alta Re­pre­sen­tante [para a po­lí­tica ex­terna da UE] sobre se a no­me­ação de Dmitry Ya­rosh, cri­mi­noso pro­cu­rado pela In­terpol, po­derá afectar «a co­o­pe­ração entre a Ucrânia e a UE, através da qual a UE tem vindo a de­sem­bolsar mi­lhares de mi­lhões de euros para su­pos­ta­mente ajudar aquele país a sair da crise».

Nou­tras três ques­tões di­ri­gidas à mesma res­pon­sável, Mi­guel Vi­egas in­sistiu em saber se a re­fe­rida co­o­pe­ração entre a UE e a Ucrânia es­taria em causa, con­si­de­rando, pri­meiro, a im­po­sição de um pa­cote le­gis­la­tivo des­ti­nado a cri­mi­na­lizar «qual­quer crí­tica ao go­verno ou aos seus re­pre­sen­tantes», no âm­bito do qual «quais­quer pro­testos, seja contra o não pa­ga­mento de sa­lá­rios, o au­mento de bens es­sen­ciais, as ar­bi­tra­ri­e­dades da po­lícia, podem ser con­si­de­rados um ataque à in­te­gri­dade do Es­tado».

Mi­guel Vi­egas nota, de­pois, que «pas­sado um ano sobre o golpe fas­cista de 21 de Fe­ve­reiro, não se ouve da parte da UE uma pa­lavra sobre os aten­tados à de­mo­cracia». E exem­pli­fica com o caso mais re­cente «re­la­tivo ao pro­cesso dis­ci­plinar contra os juízes do Tri­bunal Ad­mi­nis­tra­tivo do Cir­cuito de Kiev, que não se pres­taram à farsa do re­gime para proibir o Par­tido Co­mu­nista da Ucrânia». A este res­peito, o de­pu­tado do PCP no PE sa­li­enta ainda que tal «im­pediu a con­cre­ti­zação de um ob­jec­tivo es­tra­té­gico para o poder gol­pista da Ucrânia», ins­ta­lado «graças ao apoio da UE e da NATO».

Mi­guel Vi­egas de­nuncia, também, que «na sequência desta re­cusa o Mi­nis­tério da Jus­tiça tomou po­sição atri­buindo à Co­missão de Qua­li­fi­cação de Juízes [com­pe­tência para] ava­liar o com­por­ta­mento dos juízes e de­ter­minar se existem mo­tivos para a sua de­missão», por isso «é caso para per­guntar, onde está a in­de­pen­dência do poder ju­di­cial?».

«En­tre­tanto, o mi­nistro da Jus­tiça, Pavel Pe­trenko, rei­terou pu­bli­ca­mente que, antes do pró­ximo dia 9 de Maio, data que as­si­nala os 70 anos da vi­tória sobre o nazi-fas­cismo, o par­la­mento ucra­niano apro­vará um pa­cote le­gis­la­tivo para banir os sím­bolos e a ide­o­logia co­mu­nista», pros­segue o de­pu­tado co­mu­nista, que, in­sis­tindo em alertar para re­pressão po­lí­tica e da li­ber­dade de ex­pressão na Ucrânia, lembra a prisão de «Ale­xander Bon­dar­chuk, chefe de re­dacção do jornal ofi­cial do PCU».

«Trata-se de mais um crime deste re­gime gol­pista e de uma fla­grante vi­o­lação dos di­reitos e li­ber­dades fun­da­men­tais que vem na sequência de uma ca­deia de re­pressão e per­se­guição de todos aqueles que de­fendem a paz e a jus­tiça so­cial na­quele país, re­cu­sando aceitar a nova ordem to­ta­li­tária», con­clui Mi­guel Vi­egas.




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